Ser mãe talvez seja a aventura humana mais derradeira e tocante na vida de uma mulher.
Engravidar é tornar-se o mundo para alguém, e tudo - literalmente tudo - se transforma por dentro da mulher grávida. Forças desconhecidas emergem. Emoções e hormônios a mil. Sua alma agora é duas...
Para fazer homenagem à guerreira que todas as mães se tornam, Absoluta/filhos entra no ar trazendo a voz de muitas mulheres, em artigos e depoimentos de vida a respeito dessa fantástica vivência que é ser mãe. Além de textos de sensibilização, você vai encontrar também várias abordagens holísticas sobre maternidade e temas paralelos, como florais para crianças, yoga para grávidas, crianças índigo, babyslings, etc.


Boa leitura.


Foto: Vanessa Santetti. Modelo: Rafaela.
Também ilustra o logotipo do Absoluta/filhos.

Alô do Editor









Viver a Nova Era na prática, vocês sabem, não é aquela coisa doce e fácil que os modismos da mídia fabricam numa tradução pra lá de simplista. Viver um novo grau de consciência é saber apurar o foco mental para a conexão com as realidades mais sutis da Existência. Mas você tem que fazer isto entre ovos fritos, horário do colégio e dor de garganta.


Viver a energia aquariana dentro de casa, muito mais do que um exercício de crescimento pessoal, é perceber e interagir com as mensagens que as novas crianças estão trazendo ao Planeta. Soa bonito, poético, é mesmo místico - mas, acima de tudo, é prático, é real, é feijão com arroz de todo santo dia.
Por isso, preste mais atenção nas crianças. Cada nova consciência que vem ao mundo traz um programa de vida que é dirigido não só a ela mas aos seres que cuidarão diretamente dela.
Não olhe seu gurizinho apenas como um filhão amado mas como um verdadeiro mensageiro, cuja luz o Universo está mandando exclusivamente para você.
E cada filho trará um recado cósmico diferente. Apure o foco. Viver a Nova Era, na real, é saber traduzir e conviver com a fagulha divina que habita esses abençoados floquinhos de carne e seus tênis mal cheirosos.
Foto: Vanessa Santetti

Florais para as crianças também

Essências florais são ferramentas de suporte vibracional aplicáveis a uma série de emoções e desajustes psicológicos, com eficiência comprovada pela prática há várias décadas. O que muita gente não sabe é que nossos filhos também podem tomar seus florais.

Rock Rose, Clematis, Impatiens e, principalmente, o unânime Rescue Remedy (indicado para todos os males) são termos bastante conhecidos por pessoas que desejam se livrar de ansiedade, insônia, tristeza e outros incômodos psicológicos. O que elas mais querem é uma vida mental saudável sem a necessidade de calmantes e ansiolíticos. Por isso, optam pelos florais de Bach, do cerrado, de Minas e de outros que seguem a mesma linha do tratamento lançado pelo médico inglês Edward Bach. Mesmo considerados naturais, será que crianças também podem se beneficiar deles?
Para o terapeuta floral Francisco Gouveia, essa é uma boa opção para as crianças que sofrem muitas emoções e atravessam períodos de estresse.
– Lidar com as emoções durante a infância pode ajudá-las a crescer felizes e saudáveis – afirma.
A terapeuta floral Maria Aparecida das Neves explica que os pequenos reagem bem aos florais e, na maioria das vezes, muito mais rápido que os adultos.
– Eles são puros, viveram poucas frustrações e não acumularam sentimentos negativos – justifica.
E acrescenta: as essências florais não mudam a personalidade da criança, mas trazem de volta a harmonia e o equilíbrio da mente no seu desenvolvimento, além de ajudá-las a enfrentar mais felizes as situações da vida. Muitos pediatras, porém, são reticentes quando questionados sobre o uso de florais pelos pequenos.
Francisco Gouveia diz que é preciso levar em conta não só o comportamento da criança quando ela está com algum problema, mas também sua atitude na escola, em casa, diante das dificuldades da vida.
– Todas as informações são de grande valia para identificar os florais certos, que vão resgatar o equilíbrio emocional e trazer de volta a alegria à criança – diz o terapeuta, que afirma que toda a família deve participar do processo terapêutico.

O tratamento natural poderia ajudar no enfrentamento de problemas como timidez, medo, descontrole, conflito de sentimentos, tormentos mentais, insegurança, indecisão, apatia, resignação, tristeza, melancolia, desmotivação, desânimo, abatimento, cansaço mental, preguiça, insatisfação, autoestima baixa, dificuldade de aprendizagem e concentração, nostalgia, falta de energia, agressividade, solidão e impaciência.

– Podem ajudá-los a enfrentar situações como, por exemplo, a separação dos pais ou adaptação às situações novas que causem estresse. Os resultados são percebidos em duas semanas – garante Gouveia.
O uso, no entanto, exige cautela, pois os florais não substituem o tratamento convencional nos casos mais graves, diz a clínica-geral Márcia Mossurunga. Para ela, a medicina alopata não exclui as práticas alternativas.

Variedade de essências
Os florais de Bach são conhecidos mundialmente e usados por milhões de pessoas. As essências são extraídas de plantas e flores e diluídas em álcool ou, em casos especiais, em água. A terapeuta Nei Naif, no livro Florais do Mundo, explica que cada tipo de líquido é indicado a uma emoção específica. Pode ser tomado individualmente ou misturado, segundo a orientação do terapeuta, de acordo com o que estiver sentindo.

Fonte: ZH/Meu Filho

Histórias que aquecem a alma

Contar histórias pode fazer parte da cultura familiar. Pode estar presente na escola e agora possuímos um ressurgimento da contação de histórias por pessoas que utilizam desde a narrativa simples, passando pela teatralização, até o uso de adereços como bonecos, figuras e objetos. As crianças param ao ouvir a frase mágica: “ERA UMA VEZ...” e a magia acontece entre o ouvinte e o contador na esfera da imaginação e criação de cada participante. É o que nos conta a psicóloga Rute Rodrigues.

No desfilar de personagens e situações, as emoções vão surgindo e a alegria, curiosidade, o medo, a desconfiança, a raiva, entre outras tantas variações de envolvimento são estimuladas. Fora isto, os pequenos anseiam saber o final, como tudo acabou, que fim deu a situação. Alguns chegam a se apaixonar pelos personagens encarnando a dramatização dos mesmos em seus momentos de brincadeira. As crianças viram heróis, mocinhos e bandidos, princesas e bruxas. É um mundo fantástico que se produz da simples relação com uma história.
Mas o que está acontecendo? Como estes momentos deliciosos contribuem na formação de um ser humano? Parece que pelas histórias viajamos num mundo distante do nosso, mas só parece. Os contos de fadas, por exemplo, carregam a ancestralidade, carregam histórias longínquas que sempre se relacionam a algo que também acontece no decorrer do desenvolvimento de nossas vidas, algo comum. Não que a vida seja um desfilar de repetições ou coincidências. Mas sim, contém semelhanças nos enredos, nas funções dos personagens, na expressão do bem e do mal, nos desafios diários parecidos com monstros a nos desacomodar. Fora que são verdadeiros manuais para a vida, justamente por sugerirem inspiração para saídas e resoluções de conflitos e desafios, no uso da coragem, nos atos heróicos, nas saídas impensadas, nos finais surpreendentes, nas emoções e humanização de cada personagem que se entristece ou sente medo e torcemos que supere em busca da alegria e da coragem. As histórias, os contos de fadas, são lugares em que podemos nos projetar e nos identificar em segurança, ou seja, podemos nos colocar no lugar do personagem e nos investirmos de suas qualidades e experimentá-las em nossa fantasia, neste relacionamento íntimo com personagens a que nos apegamos e, se quisermos, utilizá-los como inspiração para nossa vida.

Numa história, enxergamos em perspectivas vidas inteiras, vidas e personagens em evolução e transformação. Também podemos saber alguns finais, mesmo quando “viveram felizes para sempre” possa parecer uma forma de dourar a pílula e induzir a equívocos sobre a realidade da vida. Por outro lado, finais felizes aquecem a possibilidade de também nos darmos bem. A realidade não está restrita ao racional e lógico, ela possui meandros de leituras de mundos e significados específicos que colorem o sentido da existência, ou não. E as fantasias possuem este dom.

Não me refiro ao mundo fantasioso como referência total de vida, mas um espaço interno pronto para nos refugiar com saberes profundos que se relacionam com a ancestralidade e sentido da vida. Algo impalpável pela dureza da racionalidade. É a integração entre afeto e pensamento lógico racional, que contribui para a formação de caráter sadio harmônico e não o isolamento destas duas polaridades como instâncias separadas e dissociadas.
Mas todo este potencial que vem gratuitamente no contato com as histórias, também nos tira de certa solidão. Vamos descobrindo que outras pessoas sentem como nós, outro herói tremeu de medo diante do obstáculo e conseguiu superá-lo. Assim vamos preenchendo de sentidos algumas vivências que antes poderíamos não ousar revelar a ninguém. Ou inaugurando novas advindas do próprio ato de conhecer a história. Saindo deste isolamento interno e encontrando novos sentidos com nossos interlocutores das histórias, vamos também construindo saberes, vamos encontrando lugares para nossos sentimentos e emoções e isto sem dúvida nos faz tomar posse da nossa própria história como sim um percurso de herói. Portanto, temos neste mundo dos contos um grande repertório que auxilia no entendimento de si mesmo e do mundo e que contribui para contrastar com as experiências de vida e ainda oferece um lugar seguro para aprendermos mais sobre nós mesmos. AQUECEMOS NOSSA ALMA!

Rute Rodrigues
Psicóloga (CRP 07/ 8374) Esp. Arteterapia (CENTRARTE), Formação Biodanza, Terapia de Famílias e Casais (NURF), Dinâmica dos Grupos (SBDG), Ludoterapia. Psicoterapeuta. Desenvolve trabalhos com grupo em ação social. Coordenadora do Núcleo de Adoção do Projeto Ninho—Educação Afetiva. Sua experiência com questões da adoção vem da participação em pesquisa no Hospital Presidente Vargas e no Grupo Ter-na Adoção como facilitadora do grupo de crianças, atendimento a grupos multifamiliares, atendimento psicoterápico, aconselhamento, palestras e grupos de preparação à adoção.
PORTO ALEGRE/RS

E do cuidador, quem vai cuidar?

Ser mulher é quase um sinônimo de cuidar. Mas o mundo de hoje agregou outras diversas funções ao dia-a-dia feminino e, como afirma a psicóloga Juliana Garcia nesta reflexão, “nesse afã de ser mulher-maravilha, perdemos nossas forças pouco a pouco. Essa síndrome de carregar o mundo nas costas provoca muitas dores, e precisamos delas cuidar, antes de tentar cuidar do outro. Senão, entramos em outras síndromes, entre elas a de depender da dependência que o outro tem de nós, ou a da culpa por não darmos conta de sermos tudo e um pouco mais”.

Quantas de nós aprenderam desde cedo a ser mulher pela via do cuidado com o outro? Muito cedo ganhamos brinquedos que são também símbolos do cuidado, somos incentivadas a nos comportar e a nos relacionar sob o prisma dessa temática.
Cada uma de nós também carrega em sua história modelos, nem sempre os mais saudáveis, e convivemos com maneiras muito diferentes de lidar com esse campo das relações. Isso se refere também aos homens, que recebem influências diversas, e formamos, juntos, todo um arcabouço de maneiras socialmente estabelecidas de lidarmos com a questão do cuidado e dos papéis, expectativas, cobranças daí advindos.
Nós, mulheres, nas últimas décadas ganhamos outros espaços além do doméstico, mas muitas outras responsabilidades também foram acrescidas à nossa lista de afazeres e preocupações. Muitas mudanças sociais se deram e não se pode mais falar em família como um só modelo, mas sim em famílias, devido às diferentes formas de organização existentes - mães que cuidam sozinhas de seus filhos, avós que criam netos, casais que se formam após um divórcio e que trazem seus filhos de outras relações para viverem juntos, casais homossexuais que adotam filhos, tios que vivem junto com os avós e criam conjuntamente com estes as crianças, os filhos dos filhos, etc.
Mesmo com tantas mudanças, ainda permanecem modos antigos de definições de papéis - aí que muitas coisas costumam se embolar. Mensagens do tipo "que menino (a) sem limites", "assim você traumatiza a criança", "não se pode dizer tudo a uma criança", "não se pode esconder nada dos filhos" confirmam que "ser mãe é padecer", mas não se sabe bem se é "no paraíso". Padecimento num jogo para o qual parece não haver saída. "Se ficar o bicho pega, se ficar o bicho come"... Mas existem outras possibilidades: "se enfrentar o bicho some" é uma delas.

Encarar a humanidade do processo nos permite olhar o outro que está sob nossos cuidados reconhecendo nele fraquezas e também potencialidades. Assim como nós, que somos humanas, com as dores e as delícias de o ser. Apostando na incapacidade do outro também estamos nos tornando incapazes, na medida em que empreendemos a caçada pela satisfação plena do desejo do outro.

Não está em nossas mãos, nem nas mãos de ninguém, tal tarefa.
Nesse afã de ser mulher-maravilha, perdemos nossas forças pouco a pouco - ou muito a muito, considerando o sem-fim de coisas que vamos fazendo sem escutar o que há de mais profundo em nós.
Essa síndrome de carregar o mundo nas costas provoca muitas dores e precisamos delas cuidar, antes de tentar cuidar do outro. Senão, entramos em outras síndromes, entre elas a de depender da dependência que o outro tem de nós, ou a da culpa por não darmos conta de sermos tudo e um pouco mais.
Para cuidar do outro é preciso cuidar de nós mesmas e da nossa maneira de cuidar. Redundante? Na verdade, é um ciclo. Um ciclo virtuoso, onde cada conquista nos leva a um novo passo. Sem esse cuidado, que passa por olhar e dar atenção à nossa experiência, isso se torna um ciclo vicioso, onde todos os envolvidos se enfraquecem e ninguém se relaciona verdadeiramente.

Juliana Gomes Garcia, bacharel em Psicologia, cursando Especialização em Psicodrama, artesã
http://re-vitalizar.blogspot.com
julianaggpsi@gmail.com
BELO HORIZONTE/MG

Foto
http://www.pbase.com

Adoro ser mãe!!!!

Engravidar é tornar-se o mundo para alguém. De repente, da noite pro dia!
Ser mãe é uma experiência muuuito transformadora e traz, talvez, a vivência mais funda do amor entre seres terráqueos...
A título de ilustração, ABSOLUTA/amores convidou duas mulheres para contarem como foram transformadas enquanto fêmeas quando se tornaram mães. Elas descobriram com suas filhas que amor é medo, poder, impotência, alegria e dor, tudo junto, a enorme e misteriosa alquimia humana e divina de gerar uma cria. Amor, amor, amor. Absolutamente amor...



Fernanda Baby, mãe de Mariah, 4 anos

Adoro ser mãe!!!! Sinto que estou mais atenta ao mundo, percebo as coisas em um nível mais profundo, tenho uma maior compreensão do meu próprio corpo, sei o quanto significa ser mulher. Aprendi a ser mais tolerante, voltei a ser criança nas doces e alegres brincadeiras com ela, aprendi a dar a volta por cima, descobri que sou muito forte... realizei um sonho!
Maternidade é uma vocação, é quando Deus te chama e você aceita gerar e zelar por alguém, e se admira com quão infinito e espetacular é o AMOR MAIOR, o amor por um filho!
E toda mãe é um pouco médica, cozinheira, conselheira, fada madrinha, personal trainner, escritora, professora... e tem um coração onde o filho sabe que sempre será aceito.
Não tem coisa melhor no mundo que ter um bebê só seu, morder, beijar, apertar, cheirar, e vê-lo crescer, acompanhar seus primeiros passos, ensinar a pedalar, a desenhar, ganhar e dar muitos beijos e abraços, fazer cócegas e ouvir a gargalhada mais linda do mundo, e fazer tudo pra ver sua criança feliz.
Existia uma Fernanda antes de ser mãe e hoje existe outra, a que nasceu quando descobriu que seria mãe. Tive dois miomas uterinos externos, e fiz a cirurgia de remoção deles e de parte de um dos ovários, um ano antes de engravidar dela. Ela é uma grande conquista, e os obstáculos só fizeram com que eu desejasse ainda mais ser mãe! Faria tudo novamente, só pelo prazer da chegada dela.
A vontade sempre foi imensa, desde muito cedo, e no momento em que ela veio, apesar dos pesares, foi o momento bem escolhido por Deus, era o relógio biológico, um instinto materno batendo a porta, e dizendo: é agora a hora! Se ela não tivesse vindo ao mundo, eu teria adotado, era um desejo tão profundo, e bem claro pra todo mundo ver. O próximo deve vir assim, com o mesmo desejo, tão intenso que extravasa, por enquanto o desejo maior é só dela, de ter uma irmã!

Um mês atrás, ao passar por uma pequena gruta com uma imagem de uma Santa, paramos pra rezar, após agradecer a saúde, ela fez um pedido, queria uma bonequinha, aí eu comentei que ela deveria pedir bênçãos para sua vida, para a vida de todas as pessoas, que ela já tinha tantos brinquedos, não precisava de mais uma boneca, ela parou, olhou pra Santa e disse: "Então, quero uma irmã!"... Eu fiquei sem resposta, não sabia se dizia pra Santa não escutar, se explicava que uma irmã agora também não daria, ou se não falava nada...

Não dá pra pensar em ficar sem vivenciar todas as suas fases, do engatinhar ao andar, do balbuciar ao falar, a fase do quero tudo cor-de-rosa, a fase de pedir irmãos, a atual fase dos porquês, sem tua presença, filha, a vida seria nada!
Eu não sabia o que era dormir pouco, acordar várias vezes à noite, comer meu almoço frio, tropeçar em brinquedos espalhados pela casa... Certa noite, pisei num tambor dela no chão da sala e quebrei, cortou minha canela, mas não tive coragem de xingar porque o brinquedo estava jogado ali, expliquei que ela precisa guardar no lugar após brincar, mas dei um jeitinho de concertá-lo ao invés de comprar outro novo como ela sugeriu, isto é educar, papel de mãe também... e, mesmo assim, amar tudo, tudinho, do universo infinito de ser mãe, porque ter você, filha, é maravilhoso. Passar horas te olhando, reconhecer meus traços em ti, cantarolar pra ti dormir, ouvir inúmeras vezes: "mãe, te amo", tão displicente, tão inocente, e tão sincero, dá graça aos meus dias, faz tudo valer a pena!

Antes dela, nunca tive que segurar forte a mãozinha de uma menininha para que coletassem urina com sonda, e chorando muito, feito ela, senti o coração despedaçado, sem poder fazer nada pra parar a dor que ela sentia - isto é a impotência das mães diante da vida, de certas coisas que não podemos impedir, mas podemos confortar...

Não achava que aquela bebezinha tão pequena poderia virar minha vida de cabeça pra baixo, e tornar tudo belo, e me tornar o mundo de alguém, da noite pro dia! Descobri com minha filha que amor é medo, satisfação, poder, impotência, alegria e dor, e tudo imensamente prazeroso.
Sei que tu nasceste pra mim, e eu nasci pra ti, filha. Cada filho é uma nova benção para o mundo, Deus me deu este anjo que tu és e realizou meu maior sonho, para que eu soubesse que sou poderosa, forte, imensa, para que eu seguisse sempre em frente, para que nada fosse impossível, para que a vida enfim fizesse sentido de verdade, para conhecer o amor eterno, o AMOR INCONDICIONAL: amor de mãe... Obrigada, Deus, por permitir que eu fosse a mãe dela!
FILHA, TE AMO! Minha ciumentinha linda! Minha dádiva!

Fernanda Baby
Fotógrafa e publicitária
www.fernandababyfotografa.com.br
PORTO ALEGRE/RS





Vanessa Santetti, mãe de Rafaela, 5 anos

A transformação foi grande, o susto no momento em que soube da gravidez também. Estava me separando, o pai dela estava indo estudar na Europa, era um momento de muita insegurança... Queria minha liberdade, tantas coisas que já nem sabia ao certo o que queria e para onde eu iria.
Mas tudo mudou, senti que a única certeza era a de ser mãe. Assumi o papel e decidi ser a melhor morada que minha filha poderia ter, comecei a me dedicar a fundo em ser mãe. Primeiro, eu dizia que me trabalhava pelo bebê, depois me dei conta do bem que me fazia todo aquele amor que sentia por mim mesma e por aquela pessoinha que ainda não conhecia.
O ritmo do mundo mudou para mim e as cores também: como é lindo e diferente o olhar de quem está correndo angustiado, buscando um caminho, e uma pessoa segura que sabe aonde vai e que tem tempo para chegar lá, nove meses.

Sempre achei que o fato de estar sozinha me deu mais força para encontrar essa mulher poderosa que protege a cria de absolutamente tudo. Esses milagrosos nove meses transformaram minha vida, de uma mulher meio perdida, cheia de medos e angústias, a uma mulher inteira e serena. Ver seu rosto pela primeira vez foi um momento iluminado, os olhos dela falavam comigo, foram minutos muito "nossos" e ela me observava bem tranqüila.

O medo de não ter leite me aterrorizou, só me senti completa mesmo no segundo dia em que a Rafaela pôde mamar e, mesmo com dor de principiante, eu chorava de alegria. Como uma boa mãe loba, dei de mamar para minha filhote até um ano e oito meses.
Nossa relação ainda é assim cheia de carinho e juntas, muito juntas, sei que sou uma boa mãe, os beijos, carinhos, abraços e risadas diárias me provam isso. Precisava mesmo da maternidade para despertar em mim essa mulher inteira e forte que sou hoje. Minha filha é muito alegre, segura e decidida, observo e aprendo muito com ela. Obrigada, filha, por ter me dado a chance de voltar a brincar, a olhar e amar mais a natureza. Obrigada por me trazer de volta todas as minhas primeiras vezes.

Vanessa Santetti
Reikiana e uma sacerdotisa da Deusa

vanessabrasil@hotmail.com

PORTO ALEGRE/RS

Rafaela é nossa modelo no logotipo de ABSOLUTA/Filhos

Slings, beleza e praticidade de uma tradição ancestral

Alças de pano fazem mágica na hora de carregar uma cria.
Os modernos babyslings são tiras de algodão ajustáveis que retomam uma prática muito antiga entre mães de diversas culturas, tanto no ocidente quanto no oriente. Além
de aliviar o trabalho, geram o retorno do toque, do “estar junto” como alternativa para fortalecer e re-estabelecer vínculos familiares.
Em uma lista sobre partos naturais, Absoluta pinçou uma fabricante destes instrumentos, e puxou detalhes.

Slings são de maneira geral “alças que dão suporte”. Desde as que transportam os containers nos portos para a carga e descarga dos navios até os slings de bebês ou babyslings. De uma forma simples, babyslings são faixas ajustáveis, que envolvem a pessoa e permitem carregar uma criança junto ao corpo.
Confeccionadas em tecidos de algodão, possuem duas argolas afixadas em uma de suas extremidades. A facilidade do ajuste permite que o babysling acompanhe o crescimento da criança e desta família por até 4 anos.
Atualmente, encontramos muitas mães que tem receio de mimar demais seus filhos por pegá-los no colo ou dar-lhes carinho em demasia. A maior preocupação é com a volta ao trabalho e quem ficará com a criança, então. A esse cenário, nossas indústrias fornecem uma série de artefatos mirabolantes como balancinhos automáticos, andadores, bebês-confortos, carrinhos, cercados, cadeirinhas especiais e outros tantos “recipientes” de criança, que tragam consigo a idéia de bebês/crianças bem cuidadas, calmas e com uma certa independência para a mãe. O que não deixa de ser uma filosofia bastante comercial, rentável e questionável...
O que a mulher paleolítica fazia com seus filhos? Quais os recursos disponíveis? Podemos afirmar que as crianças paleolíticas eram mimadas? A mãe paleolítica carregava seus filhos no colo, normalmente amarrados ao corpo através de peles ou panos tecidos com fibras naturais. Podemos encontrar diversos registros durante a história da humanidade. O calor do corpo era fundamental para a sobrevivência da espécie. Seria o que chamamos de instinto?
Hoje, esse hábito/instinto vem sendo estudado, e inúmeros benefícios são comprovados através de evidências e estudos científicos. O melhor exemplo é o método mamãe-canguru, aplicado aos bebês rescém-nascidos nas maternidades de todo o país.
O mecanismo é muito simples: assim como qualquer ser humano, uma criança precisa do toque, do carinho, do calor, do aconchego, sua sensibilidade é aflorada pelo tato, pelo olfato. Através do olfato são definidos os primeiros vínculos, tanto com a mãe como com o pai. Esse conceito encontra forte respaldo nas teorias de exo-gestão, defendidas pelo antropólogo Ashley Montagu, em seu livro “Tocar” (bebês passam por outro processo de nove meses, a partir do momento em que nascem, onde um babysling atuaria como uma barriga de transição).

Uma criança que permanece mais tempo aconchegada ao colo da mãe/pai é mais segura, mais feliz (brincalhona), menos irritadiça, chora menos, dorme melhor - fatores determinantes de sua auto-estima e que influenciam diretamente na imunidade desta criança.

Apresenta um desenvolvimento motor, emocional e neurológico maior, anda mais cedo, e tem maior flexibilidade e coordenação. Todos esses fatores são experimentados na prática, no dia a dia, através de inúmeros depoimentos e comprovados através de estudos científicos. E a mãe e/ou pai? Por conseqüência, têm maior liberdade de movimento, mais tempo para si mesmos, realizam suas tarefas diárias com menor nível de estresse e apresentam mais desenvoltura e segurança para lidar com seus filhos.
Quando se fala em “carregar ao colo uma criança” há algo muito mais profundo envolvido, baseado nos instintos mais primitivos que a humanidade traz consigo. A questão é bem mais abrangente do que apenas mimar ou não uma criança, como se carinhos fossem algo a ser mensurados e limitados de alguma forma.

Bettina Lauterbach
bettina@babyslings.com.br
www.babyslings.com.br
www.orkut.com/Community.aspx?cmm=392241
Gramado/RS
Fotos
www.babyslings.com.br

Cristal: uma geração em auxílio aos Índigos

Dando seqüência aos estudos sobre crianças da Nova Era, trazemos algumas informações básicas sobre as Crianças Cristal, que são muito recentes no planeta e vibram em freqüência energética ainda mais elevada do que a dos Índigos. Quem nos fala dessa geração muito sutil é Ingrid Cañete, psicóloga especialista no tema, e representante do Brasil na Rede Latino Americana Índigos.

Em artigo anterior aqui no Absoluta (“Índigos, as crianças de uma Nova Era”), falamos sobre as Crianças Índigo, e procuramos oferecer alguns esclarecimentos iniciais sobre esse tema. Agora, pretendemos seguir com ele e ampliá-lo falando sobre as Crianças Cristal, já que inúmeros são os pedidos e perguntas a respeito.
Cabe esclarecer, primeiramente, que essas nomenclaturas são apenas uma terminologia utilizada para fazer referência a crianças e jovens que estão nascendo em número cada vez maior, em todo o planeta, e que possuem características físicas, psicológicas e espirituais diferentes. As Crianças Cristal são assim denominadas devido à uma determinada freqüência energética ainda mais elevada do que a dos Índigos e à uma coloração branco cristalina que compõe sua aura, ou seja, o campo energético que envolve seu corpo físico.
Segundo a Dra. Doreen Virtue (Doutora em Filosofia, Metafísica e Conselheira psicológica, autora de mais de 20 livros nos EUA), as Crianças Cristal possuem uma aura multicolorida opalescente, com toques pastel, seria algo como ver um cristal de quartzo através de um prisma. Essa geração está chegando em número maior ao planeta Terra, desde 1995, e são crianças fascinadas pelos cristais e pedras, o que também está relacionado ao nome Cristal com que se faz referência a elas.

As características destas Crianças são as seguintes:
- Possuem olhos grandes, um olhar intenso e profundo.
- Possuem personalidades atraentes.
- São muito carinhosos.
- Começam a falar mais tarde na infância.
- São dotados de um grande sentido musical e podem começar a cantar antes de falar.
- Comunicam-se utilizando a telepatia e a linguagem de sinais, criada por eles mesmos.
- São facilmente diagnosticados como autistas ou com Síndrome de Asperger.
- São emocionalmente equilibrados, doces e amorosos.
- Perdoam facilmente aos demais.
- São altamente sensitivos e empáticos.
- Sentem forte conexão com a natureza e com os animais.
- Mostram habilidades para a cura.
- Grande interesse por cristais e pedras.
- Falam freqüentemente com anjos, guias espirituais.
- Manifestam memórias de vidas passadas.
- São grandes artistas e muito criativos.
- Preferem comidas vegetarianas e sucos de frutas ao invés de comida "normal".
- Costumam ter um incrível sentido de equilíbrio e podem tornar-se hábeis alpinistas e exploradores.

Sandra Aisemberg e Eduardo Melamud nos apresentam algumas diferenças entre Índigos e Cristais:
- São mais sensíveis e delicados.
- São mais perceptivos e com dons psíquicos mais ativados.
- Possuem um acentuado sentido de propósito de vida global.
- Demonstram congruência entre coração, mente, palavras e ações.
- Possuem paixão pela vida, pelo amor, pela justiça.
- Sentido agudo de serviço e de ajuda humanitária.
- Não julgam, por natureza.
- Forte sentido de humor.
- Necessitam água, natureza, arte, roupas de fibra natural, exercícios físicos e de um ambiente seguro, tanto física quanto emocional, psíquica e espiritualmente.
- Necessitam de adultos emocionalmente estáveis à sua volta.

Diversos autores referem que as Crianças Cristal foram muito beneficiadas pela vinda anterior dos Índigos e que teriam preparado o ambiente provocando mudanças energéticas favoráveis à sua chegada. Quer dizer que os Índigos foram chegando e transformando, principalmente com sua presença, a energia mais densa do planeta em energia mais sutil, o que facilita de algum modo a chegada dos chamados Cristais.
É importante comentar que muita confusão ainda é feita quando tentam separar Índigos de Cristais, para melhor explicar. Nós queremos contribuir para minimizar estas confusões e dúvidas. Na verdade, estamos presenciando e testemunhando a evolução da espécie humana neste planeta, e todos nós somos capazes de perceber que as crianças e jovens "não são mais os mesmos", nas palavras de alguns pais e de professores também. Quer dizer, percebemos que as crianças e jovens vêm evidenciando as mudanças de nossa espécie, sejam elas físicas, psicológicas ou espirituais, independente de sabermos qualquer coisa sobre Índigos ou Cristais.
Existem adultos Cristais, assim como adultos em transformação, passando de Índigos para Cristais nesse momento, inclusive também os pais destas crianças em razão da convivência com elas, pois assim seu processo de evolução se acelera. Só que estes são em menor número ainda.

Espectro da Consciência Universal - Pois bem, todos nós sabemos que nossa essência é pura energia que se materializou sob forma de corpo humano e que tudo o mais que existe, sejam outros seres ou objetos, tudo é essencialmente energia materializada de diversas formas e com diferentes graus de consciência, certo?
Então, para que fique mais fácil compreender essas questões ligadas aos Índigos e Cristais e suas respectivas freqüências, é preciso entender que, quanto mais evolui a espécie humana, mais ela expande sua consciência, e consciência é energia. Podemos falar em um espectro da consciência, conforme nos explicou Ken Wilber, e esse espectro é basicamente comparável, por analogia, à luz branca que, conforme a luz que incide nela, e conforme olharmos, veremos facetas e reflexos multicoloridos. Assim, também podemos dizer que os Índigos possuem a presença de uma coloração azul Índigo em sua aura porque eles acessam naturalmente essa freqüência, neste espectro da Consciência Universal e que os Cristais possuem uma predominância da coloração branco cristalina com reflexos multicoloridos porque eles acessam essas freqüências. Entretanto, essas freqüências estão disponíveis a todos nós, independente de sermos ou não Índigos ou Cristais.

O que é preciso para acessá-las? - É preciso que nos dediquemos a expandir nossa consciência, a buscar a nossa evolução espiritual. A convivência com os Índigos e Cristais acelera esse processo e, por isso eles, vieram e continuam vindo, justamente para acelerar o processo de evolução da humanidade.
E já que falamos em espectro de consciência e de energia, me parece que fica mais fácil compreender que, antes da freqüência Índigo, existiram outras freqüências vibracionais e que, logo antes delas, veio a freqüência Índigo-Violeta que tinha como missão preparar o ambiente para os Índigos e que, agora, estão vindo os Cristais com a missão de ajudar os Índigos a promover a paz na Terra. E, é claro, já havia crianças e até mesmo adultos Cristais antes de 1995 na Terra, mas eram bem poucos, raros mesmo.
O mais importante é entender que a espécie humana segue evoluindo e que, mais e mais, mudanças estarão ocorrendo e aparecendo em termos de características manifestas nos seres humanos.
As Crianças Cristal são particularmente telepáticas, embora essa capacidade acentuada se manifeste também nos Índigos, o que os diferencia é apenas uma questão de grau, de intensidade. Aliás, como são telepáticas, ou seja, se comunicam direto de uma mente para outra, elas geralmente começam a falar mais tarde. O que nos indica que no futuro teremos um mundo onde as relações e comunicações se darão de forma mais rápida, mais instantânea e mais intuitiva e sensitiva, as palavras serão menos importantes. Normalmente elas se comunicam assim com os pais, encontram uma linguagem baseada em sinais aliada à telepatia, e tudo vai bem. Os problemas e dificuldades começam quando os profissionais de medicina ou educação começam a julgá-los e dizer que são anormais.
Essa característica de comunicação telepática tem gerado interpretações errôneas por parte de professores, psicólogos, médicos, etc., e também muito sofrimento e constrangimento para as crianças e para os pais.
É preciso que todos nós nos preparemos para aprender a conviver e aprender com estas novas gerações, é urgente que os pais ajudem a promover uma mudança nos modelos educacionais, que deve começar com uma transformação nos cursos que preparam professores, educadores, e é claro que médicos e psicólogos terão que se preparar também.
Será preciso saber diagnosticar de forma correta e precisa, distinguindo bem um indivíduo Psicopata de um indivíduo Índigo, uma criança Autista de uma criança Cristal, pois esses diagnósticos são relativamente simples de se fazer desde que busquemos as informações e estejamos com a mente e com o coração abertos para receber essas informações e, principalmente, para receber esses seres diferentes e tão amorosos, tão pacíficos e iluminados. Eles vêm para dar amor, para promover a paz, a harmonia, basta que estejamos abertos e receptivos.

Ingrid Cañete
Psicóloga, Especialista e Mestre em Administração, Consultora em Saúde e Qualidade de Vida, Professora, Representante do Brasil na Rede Latino Americana Índigos, escritora e autora de diversos artigos e livros, entre eles “Crianças Índigo, a evolução do ser humano”, publicado em outubro de 2005.
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Índigos, as crianças de uma Nova Era

Um fenômeno nem tão recente entre as crianças começa a chamar a atenção de educadores, terapeutas e até esotéricos. Uma geração especial sinaliza ter uma clareza impressionante, alta sensitividade e criatividade, além de muita inteligência emocional e espiritual.
Como “efeitos colaterais”, esse DNA sutil apresenta uma série de fragilidades ou meramente diferenças com relação ao padrão, que na maioria dos casos têm sido traduzidas como problemas de personalidade.
Para clarear
um pouco a questão, convidamos uma especialista para conceituá-la - até porque muitas dessas crianças hoje já são adolescentes e jovens, e o assunto é urgente e quase desconhecido. Ingrid Cañete é psicóloga, consultora, escritora e professora universitária, já publicou dois livros sobre o assunto, e nos fala aqui sobre os assim chamados “índigos ".

Os Índigos possuem características e atributos muito diferentes do “normal”, tanto de ordem física, quanto psicológica e espiritual. Isso faz com que um grande número de pais e de educadores, quando perguntados, se manifestem afirmando categoricamente que as crianças e os adolescentes não são mais os mesmos! E oferecem inúmeros depoimentos relatando o comportamento e a maneira de ser e de estar de um jeito muito diferente, no mundo.
O que pode parecer para alguns menos informados apenas resultado das transformações de uma sociedade onde os valores estão confusos e invertidos, e um sinal dos tempos, se revela muito mais do que isso a todo aquele que se detenha numa observação mais criteriosa e sensível.
Os indícios são muitos e muito fortes para os quais nem os pais, nem o sistema educacional vigente estão preparados para se relacionar e ajudar no processo de formação saudável destes seres humanos. A preparação é necessária e urgente, e para isso é preciso que a sociedade tome consciência destas mudanças e se organize através de grupos de profissionais ligados à educação e de pais para que possamos apoiar e oferecer a ajuda necessária para que os Índigos sejam respeitados em suas diferenças, ajudados e apoiados no sentido de realizarem seus dons e missão aqui.
Os índigos são seres humanos com uma freqüência vibracional mais elevada e com uma consciência mais expandida. São extremamente sensíveis, e sabem no seu íntimo que vieram com uma missão muito importante para esse Planeta. Pode ser que eles só despertem e obtenham clareza sobre sua missão na vida adulta, porém eles trazem essa noção e um profundo senso de missão.
Os estudos e pesquisas, assim como a prática de alguns profissionais no atendimento dos Índigos, são ainda recentes, porém todos indicam que estamos diante de seres humanos diferentes que vieram para ajudar e acelerar o processo de transformação do nosso Planeta, no sentido de sua evolução espiritual.
Conforme Darío Bermudez (in Aisemberg, 2003), evidências em diferentes partes do mundo parecem indicar que novos seres estão chegando ao planeta, seres com um nível muito mais elevado de consciência. Eles estão vindo para “mudar”, para construir, para deixar para trás o obsoleto e nos ensinar uma nova visão de tudo, com uma matéria prima revolucionariamente óbvia: o amor.
O que podemos constatar, ao longo de muito tempo de observação, é que os índigos personificam toda a grandeza e a essência divina do ser humano, preconizadas por diversas civilizações que nos antecederam na Terra e também pelos textos bíblicos.
Representam a nova raça humana que está chegando em número crescente ao nosso Planeta.

A primeira pessoa a identificar e escrever sobre o fenômeno Índigo, foi Nancy Ann Tappe, em seu livro “Understanding your life through color”, em 1980. Ela chamou de índigos aqueles seres nos quais identificou a cor Índigo em seu campo energético ou aura. Todos os seres humanos possuem um campo de energia que os circunda e cuja coloração varia de acordo com seu grau de consciência e com sua missão aqui na Terra.

Sobre Nancy, é importante destacar que é Professora na Universidade de San Diego State, EUA, também Conferencista internacional com trabalhos realizados nos EUA, Canadá, Europa e Ásia. Parapsicóloga, Teóloga, Filósofa, sensitiva e canalizadora, submeteu seus dons paranormais de ver a aura humana, das plantas e dos animais a um acompanhamento científico, sob a direção de um psiquiatra americano, em San Diego. Dedicada ao estudo dos Índigos, descobriu neles essa qualidade de energia azul.
Seus estudos e investigações tratavam de construir um perfil psicológico que pudesse resistir à crítica acadêmica. Na época, em 1980, seu colega e companheiro de pesquisa, o psiquiatra Dr. McGreggor, a chamou para ver seu filho que acabara de nascer, depois inúmeras dificuldades enfrentadas por ele e por sua mulher, para conseguir que ela engravidasse. Nancy foi ver o bebê e percebeu que ele tinha uma aura azul, cor que ainda não constava em seus registros e estudos de até então. O bebê não viveu por muito tempo mas Nancy passou a observar e estudar esta cor de aura, a partir daí.
Segundo Nancy, o principal fato que descobriu sobre os Índigos é que eles não têm um plano de estudos, como nós temos, e não terão até os 7 ou 8 anos de idade ou até mais. Somente por volta dos 26 ou 27 anos de idade se poderá observar uma grande mudança nos Índigos, ou seja, seu propósito estará aqui e passarão a ter clareza impressionante sobre o que estão fazendo. E os mais jovens virão com uma clareza muito grande sobre o que farão na vida.

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DOS ÍNDIGOS
Conforme Doreen Virtue, Ph.D, conselheira científica nos EUA, você pode identificar crianças índigos através das seguintes características principais:

· Possuem alta sensibilidade.
· Têm uma quantidade excessiva de energia.
· Se aborrecem facilmente podendo aparentar que só mantém a atenção por curtos períodos de tempo.
· Precisam de adultos seguros e emocionalmente estáveis.
· Resistem à autoridade se ela não for democraticamente orientada.
· Preferem aprender por métodos e caminhos não tradicionais e com prioridade a leitura e a matemática.
· Podem frustrar-se facilmente pois têm grandes idéias mas lhes faltam recursos e pessoas que ajudem a concretizá-las.
· Aprendem através da exploração, mas resistem à memorização pura e simples.
· Não se mantém sentados por muito tempo a não ser que estejam absortos em algo do seu interesse.
· São muito compassivos; têm muitos medos relativos à morte, especialmente a perda daqueles que ama.
· Se experimentam o fracasso muito cedo, desistem ou desenvolvem bloqueios na aprendizagem.
E, após todos esses anos de estudo e de observação, evidenciam-se para mim alguns sinais claros de que estamos diante de uma criança “diferente”. Citarei alguns:
· Não aceita o “não porque não”, como resposta. Exige argumentação sincera, plausível e não aceita “enrolação”.
· Seu olhar é muito profundo.
· Maturidade de um adulto.
· Calma, paz interior.
· Alto grau de energia que precisa ser investida.
· Inteligência emocional e espiritual.
· Não sente medo.
· Sabe quem é e o que veio fazer aqui, conhece sua vocação e missão de vida.
· Liderança natural, reconhecida e não forçada.
· Demonstra super sensibilidade.
· Especialmente criativo.
· Grande interesse ou mesmo atração por temas ligados à magia, percepção extra-sensorial, misticismo, sentidos especiais e “super poderes”.
· Possui amigos invisíveis com quem conversa e de quem recebe mensagens.
· Conversa com animais e, segundo informa, os animais conversam com ele.


Ingrid Cañete
Psicóloga, Especialista em Administração de Recursos Humanos, Professora Universitária, Escritora, Consultora de empresas em Qualidade de Vida e Prevenção de Stress.
canete@terra.com.br
Porto Alegre/RS
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Ingrid Cañete

Fonte
“Crianças Índigo, a Evolução do Ser Humano”, livro de Ingrid Cañete

As mulheres desaprenderam a parir? - II



SEGUNDA PARTE

Alguns profissionais de saúde ficam magoados com a expressão "humanização" do nascimento, dizendo que uma proposta como essa carrega o peso de considerar como “desumana” a assistência que é oferecida às mulheres pelo modelo atual de atenção ao parto. Cai sobre médicos, enfermeiras e outros profissionais ligados ao parto o peso de estarem oferecendo um trabalho indigno, equivocado, grosseiro e inaceitável para os seres “humanos”. Nossa crítica, entretanto, não se dirige aos cuidadores que atendem o nascimento mas, sim, ao modelo biomédico e tecnocrático de atenção, que despersonaliza e coisifica gestantes, não levando em consideração as dimensões humanas e subjetivas deste evento. Faz-se necessário, portanto, deixar claros os termos para que a compreensão seja facilitada. Desta maneira, poderemos esclarecer os pontos fundamentais do projeto global de humanização, sem cair na tentação fácil de criarmos culpados e vítimas; algozes e mártires.
Ao conversar sobre as teses humanistas com colegas da medicina estes freqüentemente me propõem questões como estas:

Porque falas em "humanizar o nascimento"? Por acaso o parto que nós fazemos nos hospitais não é nos seres humanos? Por acaso nossa visão de saúde e doença recai sobre algum outro primata ou algum réptil? Não está na hora de trocarmos esta expressão por algo mais sutil, menos agressivo, mais amplo, mais abrangente, e que tenha mais a ver com sua proposta de "suavizar" o atendimento?

Para este tipo de pergunta, normalmente pertinente, é importante que possamos definir com a máxima precisão os termos utilizados, como bem dizia Voltaire, para que não ocorram interpretações que fujam das intenções iniciais.
Minha resposta a tal inquirição é propositadamente didática. Quando nos referimos à Humanização do Nascimento, não nos preocupamos com as classificações meramente biológicas que se pode abstrair da palavra "humano". Humano aqui não está em contraposição às outras espécies que habitam o planeta mas, sim, a um modelo filosófico de entendimento da realidade circundante. Humanização do nascimento nos remete à doutrina ou atitude que se situam definitivamente numa perspectiva antropocêntrica, em domínios e níveis diversos, assumindo, com maior ou menor radicalismo, as conseqüências daí decorrentes. Manifesta-se o Humanismo nos domínios lógico e no ético. Neste último, aplica-se àquelas doutrinas que afirmam ser o HOMEM o criador dos valores morais, que se definem a partir das exigências concretas, psicológicas, históricas, econômicas e sociais que condicionam a vida humana, conforme definição constante no dicionário de Aurélio Buarque de Hollanda.
Na Renascença, os Humanistas opunham-se ao teocentrismo pessimista, que colocava o homem como a falha divina, o erro irrecuperável da criação, a cópia imperfeita da do Todo Poderoso. Os que se opunham à esta visão desesperançosa da espécie humana, glorificavam o homem, enxergando nele, tal qual o paganismo greco-romano, a imagem do Deus em potencialidade. As imagens renascentistas do homem redescoberto e exaltado nos trouxeram de novo a esperança da renovação do espírito humano, fugindo assim da escuridão fria e insípida da idade das trevas.
Na obstetrícia, o Humanismo vem propor uma nova abordagem da assistência, colocando a mulher como centro de qualquer ação. Dela, e apenas dela, devem surgir as decisões sobre seu parto, sua vida e seu destino. Dela devem partir as vontades e os desejos. Pareando-se com a religião fechada e autoritária da Idade Média, a medicina precisa reencontrar seu lugar de apoio aos doentes, fugindo da sombra de autoritarismo que a acompanha, para uma nova posição de auxílio incondicional. Assim também a religião precisa se reestruturar para abandonar de vez sua história de intolerância e dogmatismo.
Na Renascença, o Humanismo não se opunha à idéia da divindade, e nem era contra a natural religiosidade das pessoas. Ao contrário, homenageava o criador, mostrando e apontando as virtudes de sua mais elaborada criação: o homem. Na medicina de hoje, o Humanismo vem cumprir uma tarefa semelhante. Não é sua missão acabar com a tecnologia, ou mesmo de ser um obstáculo à pesquisa e ao crescimento das idéias, mas entender que toda a ciência deve ser voltada para o homem e sua existência, jamais negligenciando as infinitas conexões que nos unem com a natureza circundante. O Humanismo na medicina é ecológico e fraterno, porque não acredita num ser humano isolado do resto da criação, e acredita, como sempre me repetia Max, no antigo adágio de que "A fraternidade é o mais elevador meio de relação entre as criaturas".
O Humanismo se impõe cada vez que uma história de violência ocorre diante dos nossos olhos. Toda vez que os valores econômicos, corporativos, profissionais, ideológicos ou religiosos têm mais peso numa decisão do que as vontades soberanas e sagradas de uma mulher sobre seu próprio corpo, sua necessidade se faz mais evidente.
“Humanização do nascimento é restituição do protagonismo à mulher; o resto é sofisticação de tutela”, como já dizia o personagem/filósofo Maximilian Trebreh. Nossa idéia vai muito além de “suavizar a atenção”, ou primar pelo carinho e gentileza. Sem o direito resgatado às pacientes para que tomem decisões e façam escolhas, não estaremos oferecendo a dignidade que o nascimento humano exige. Mantendo mulheres amordaçadas, não recuperaremos o verdadeiro valor que o nascimento possui. Se quisermos realmente mudar a humanidade, é importante mudar a forma como nela ingressamos. Oferecer o nascimento de volta à mulher é tarefa de todos aqueles que entendem o parto como evento humano, pleno de significados e valores.
A humanização do nascimento é, portanto, uma missão de todos os que prezam por um mundo de fraternidade, justiça e amor ao próximo.

Ricardo Herbert Jones
Obstetra
rhjones@superig.com.br

PORTO ALEGRE/RS



Depoimento de quem fez parto em casa


Júlia Dall' Alba, aluna do curso de Fabiana Panassol de yoga para gestantes, leu muito, se informou e optou pelo parto natural domiciliar. Teve sua filha saudável e perfeita, e desta experiência ela relata:
"Fui trilhando uma gravidez de descoberta, descoberta essa que vai além da mudança espiritual, fisiológica e psicológica de todo processo, alia-se a uma descoberta sóciopolítica do estar grávida. Descobri o parto protagonizado pela mulher, de fato e de direito, natural, humanizado. Descobri as leviandades e falácias que cercam toda sociedade quando falamos de parto, de nascimento. Descobri que parto hoje em dia é raridade, e que a regra da cesárea é aceita socialmente. Descobri que é possível ter um parto natural domiciliar resgatando a beleza do gerar vida, e junto com isso incorporar um embate contra o hegemônico. Descobri que gravidez não é doença, e que é possível uma grávida ser ativa e saudável, e que médicos (a maioria deles) têm noções de saúde, mas entendem mesmo é de doença, logo para eles gravidez é doença e deve acabar em cirurgia."

As mulheres desaprenderam a parir? - I

O nascimento de um Ser precisa voltar a ser íntimo e espontâneo.
Nossa cultura fez com que as mulheres duvidem de sua
capacidade natural de dar à luz.

O Brasil tem o muito discutível título de ser um dos campeões mundiais de partos por cesárea. Enquanto a taxa recomendada pela Organização Mundial da Saúde é de até 15%, em nossa rede hospitalar privada as cesarianas chegam a 90% dos partos.
Dar à luz deixou de ser um ato íntimo, instintivo e particular, para se transformar num evento público, frio e necessariamente hospitalar. De protagonistas, as fêmeas passaram a assistentes passivas, apartadas de seu ambiente familiar num momento tão especial de suas vidas, e terceirizaram o comando de seus próprios processos. O que se vê hoje em dia, então, é que o tecnicismo minimizou o afeto, o calor, a parceria, o tom tão yin que a natureza projetou para esse quase milagre.
O parto precisa urgentemente voltar a ser “coisa de mulher”!
Está na hora de lembrarmos que o parto é um processo natural que sempre fez parte da vida de milhares de gerações de mulheres, cuja sabedoria está em sua memória celular.
Nossa medicina obstétrica, por mais bem intencionada que seja, precisa compreender a gravidez e o parto de modo mais holístico e humanizado, e a mulher, por sua vez, necessita sair dessa mistura de impotência e alienação, porque na maioria das vezes entrega sua decisão e vontade na mão do profissional que a está assistindo em nome do medo, comodidade, conforto e tecnologia, aliados à falta de informação.
Por isso, o Absoluta propõe debatermos a necessidade de que o protagonismo desses processos volte às mulheres, reconvertendo os partos ao clima original de intimidade e feminilidade...
Trazemos aqui a palavra de dois profissionais bem experientes na área, o médico obstetra Ricardo Herbert Jones e a doula Fabiana Panassol. Dr. Ricardo é membro de entidades defensoras da humanização dos partos e profere palestras no Brasil e Exterior. Fabiana é terapeuta holística, doula e educadora-perinatal.
Uma mãe que teve parto em casa completa os depoimentos em favor da causa.


A mãe é a verdadeira protagonista do parto

O Brasil é, atualmente, um dos campeões mundiais de altas taxas de cesáreas. Em países mais desenvolvidos, o parto fisiológico é uma realidade. Na Holanda, por exemplo, há 12 anos, a taxa de cesarianas não ultrapassa a 6%, e 1/3 dos partos acontecem no domicílio.
Infelizmente, na sociedade moderna o parto foi se transformando no tratamento de uma doença ou na realização banal de uma cirurgia, e é ali, na sala de parto, que as equipes médicas mais competentes e bem intencionadas estarão a postos para aliviar a "enfermidade", as dores e o "sofrimento" da mulher que vai dar à luz...
Muitos obstetras nunca tiveram a oportunidade de acompanhar um parto verdadeiramente natural, até porque a gestação toda foi vista como condição patológica e medicalizada, mas embora, sendo hospitalar, o nascimento não deve ser visto ou confundido como um evento do médico, nem tão pouco desprovido de afeto e acolhimento, pois o parto continua pertencendo à mulher e à sua família. Não podemos esquecer que a parturiente é a verdadeira protagonista do ritual de dar à luz e não mera coadjuvante, quando, por fim, a todos agradece, menos a si mesma.
Historicamente e diante desse clima, pouco a pouco, a mulher foi perdendo o contato com suas raízes, sua memória, seu poder e o próprio corpo, foi se convertendo passivamente em uma mistura de impotência e alienação, porque na maioria das vezes entrega sua decisão e vontade na mão do profissional que a está assistindo em nome do medo, comodidade, conforto e tecnologia aliados à falta de informação.

O saber parir está dentro das mulheres - Os estudos do obstetra francês Michel Odent demonstram que o tipo de ambiente pode facilitar ou dificultar todo o processo de parto e nascimento. O maior inimigo para o parto é o medo - fator que gera uma maior produção de adrenalina no corpo, e com isso a mulher permanece num ciclo vicioso de medo/tensão/dor.
O saber parir está dentro das mulheres há milênios, ninguém ensina ninguém a parir, o importante é que esta memória possa aflorar em condições adequadas, num ambiente mais familiar e com privacidade, onde a parturiente sinta-se segura, que possa acompanhar o seu ritmo e movimento, seguindo os seus instintos, produzindo, neste caso, endorfinas, hormônios que possuem função anestésica e de prazer, pois assim o parto transcorre em menos tempo e é experenciado de forma positiva.
Vivenciar a humanização nos dias de hoje nos remete a uma retomada de consciência, de valorização e auto-estima, uma reflexão do que seja o real protagonismo feminino! Humanizar é transformar uma parturiente passiva em ativa, um desafio a todo modelo social imposto, inclusive com a presença amiga e afetiva da Doula, uma facilitadora na assistência às parturientes e suas famílias. Estas profissionais, também conhecidas como mães de parto, se utilizam de técnicas não convencionais e simples para facilitar e promover o alívio da dor. Entre elas, compressas fitoterápicas, massagens com óleos, exercícios que facilitam a dilatação e descida do bebê pela pelve materna, palavras encorajadoras e estímulos positivos, técnicas de respiração – o que é essencial para o relaxamento físico, emocional e energético da mãe e do bebê.
Humanizar o parto e o nascimento é perceber e respeitar a individualidade de toda a mulher, garantindo-lhe o direito à informação, conhecimento e acolhimento.
"Para mudarmos o mundo é necessário revermos a forma como nascemos". Michel Odent

Fabiana Panassol
Doula e Professora de yoga para gestantes
doulafabiana@yahoo.com.br
http://www.luzmaterna.net
PORTO ALEGRE/RS

Shantala: bebê também merece massagem! - II

Já vimos as noções básicas sobre Shantala, a massagem para bebês que o obstetra Fréderic Leboyer aprendeu em viagem à Índia: Cristine Kliemann, terapeuta especializada, nos mostrou que a finalidade da técnica é aliviar cólicas e insônias, equilibrando o bebê física, emocional e energeticamente.
Agora, a doula Fabiana Panassol, professora especializada no tema, mostra em detalhes a série de efeitos fisiológicos que a massagem ativa, e ainda nos ensina alguns exercícios e movimentos.


"Ser levados, embalados, acariciados, pegos, massageados, constitui para os bebês, alimentos tão indispensáveis, senão mais, do que vitaminas, sais minerais e proteínas. Se for privada disso tudo e do cheiro, do calor e da voz que ela conhece bem, mesmo cheia de leite, a criança vai se deixar morrer de fome." Frédérick Leboyer

Para dar boas vindas a um bebê, não há nada melhor do que acariciá-lo e massageá-lo delicadamente. Um jeito gostoso de mãe e filho se conhecerem.
O Oriente descobriu há milênios que o toque é essencial para o desenvolvimento integral do ser humano. Aprendizado este que, pouco a pouco, vem conquistando nossa atenção.
Nos bebês, a pele é o primeiro sentido, ela transcende a tudo. A pele é que sabe, é onde tudo começa.
A Shantala é mais do que uma técnica, é uma mensagem de amor que os pais podem passar aos seus filhos através do toque, pois carícias fazem bem ao corpo e à alma e quanto mais cedo têm início, melhor. No ventre materno, o bebê tem uma vida muito rica em sensações e sons, a massagem proporciona então o reencontro com essa riqueza infinita, criando um referencial de apoio e proteção durante os primeiros meses de vida, pois o toque é alimento tão indispensável quanto vitaminas e sais minerais.
O bebê, por encontrar um contato tão intenso, vai formando uma personalidade sadia, percebendo o mundo de forma agradável, sentindo-se aceito e bem quisto com o passar do tempo, adquirindo segurança e uma boa auto-estima.

Um conjunto onde tudo interage - A Shantala é um sistema cuja seqüência estimula automaticamente muitos pontos de vários meridianos, de tal forma que se consegue influenciar beneficamente todos os órgãos do corpo de uma criança, harmonizando-os ou ativando-os se estiverem desvitalizados.Por meio da massagem, o corpo produz endorfinas, hormônios neurológicos que podem reforçar sensações como calor, amor, amizade, aconchego. Além disso, o sistema imunológico também é reforçado, pois os impulsos energéticos da sensação de prazer aumentam a pulsação em todos os sistemas e órgãos do corpo. As tensões se dissolvem e se esvaem. O sono fica mais profundo e o corpo mais resistente a doenças.
Shantala é excelente para os sistemas circulatório e linfático da criança, pois ativa a circulação sangüínea local. Atua beneficamente regulando a pressão arterial e aumenta a distribuição de sangue para os órgãos internos, músculos, tecidos. Também é benéfico para o sistema respiratório, aumentando a amplitude da capacidade respiratória. Para o sistema digestivo, alivia cólicas, gases e prisão de ventre. Alongando os músculos e trabalhando as articulações, a Shantala não produz efeitos dolorosos, conduzindo sempre a criança a uma sensação de bem-estar.
A partir dos 30 dias de vida do bebê, a Shantala pode e deve ser aplicada. O ambiente necessita estar calmo, utilizando-se música suave, sem interrupções com telefonemas e conversas, é importante a mãe estar tranqüila e relaxada para deixar a energia passar. É aí que se ganha plenitude, à medida que dá.

Na prática - A aplicação tem duração em média de 30 minutos, mas varia de acordo com cada ritmo. A massagem é composta de 22 movimentos e três exercícios complementares (feitos da esquerda para a direita e de cima para baixo, seguindo o fluxo energético do corpo).
Utiliza-se óleos naturais sobre a pele para facilitar as manobras feitas com as mãos. Os movimentos são suaves, porém firmes. Existe uma harmonia, uma seqüência e direção feitas lenta e atentamente para conduzir o corpo ao prazer e relaxamento.
É muito importante seguir toda a seqüência da massagem, onde se faz uma purificação áurica no início. Massageia-se todo o corpo do bebê, inclusive o rosto e os exercícios complementares trabalham toda coluna vertebral, liberando-a de qualquer tensão.
Provoca-se a abertura e o relaxamento das articulações da bacia, particularmente de suas junções com o sacro e a base da coluna vertebral. É também uma ginástica passiva das articulações, atuando sobre os ligamentos. No final, dá-se um banho especial para relaxamento do bebê.
Durante a massagem é preciso respeitar o silêncio. O silêncio ajuda a concentração. Aprende-se uma nova forma de comunicação: com os olhos, com as mãos, com o nosso ser.

Exercícios Complementares - Para liberar as tensões das regiões cervical e dorsal, da caixa torácica e a respiração superior, segure as mãozinhas do bebê e cruze os bracinhos sobre o peito, fechando e abrindo.
Para liberar as tensões das vértebras, em especial as lombares, segure um pé do bebê e a mão do lado oposto, cruzando braço e perna, de forma que o pé se aproxime do ombro e a mão da coxa oposta. Repita o movimento do outro lado.
Para relaxar as articulações da pélvis e dos ligamentos com a base da coluna, segure os dois pés, cruzando as perninhas sobre a barriga do bebê. Em seguida, abra as perninhas da criança, estenda e cruze novamente, invertendo a posição.

Fabiana Panassol
Professora de Shantala, Yoga para gestantes e Yoga Baby. Doula e Educadora Perinatal.
http://www.luzmaterna.net
doulafabiana@yahoo.com.br
PORTO ALEGRE/RS

Shantala: bebê também merece massagem!

Famoso por defender o parto humanizado, o obstetra Fréderic Leboyer em viagem à Índia percebeu que as crianças tinham bom tônus muscular e eram alegres, apesar da miséria explícita ao redor. Foi pesquisar e conheceu uma jovem mãe chamada Shantala, numa favela em Calcutá. A mulher, paraplégica, estava com o filho no colo e massageava a criança com muita naturalidade. O médico, então, percebeu que aquilo era uma tarefa diária das mães indianas, caiu a ficha e resolveu levar para a Europa o que havia aprendido, batizando a técnica com o nome daquela mãe.
A finalidade principal desta massagem é desenvolver a interação mãe-filho/pai-filho; assim, pode e deve ser aplicada por qualquer mãe, pai ou pessoa próxima do bebê, pois seu toque sutil é capaz de romper tensões, bloqueios, nódulos, pr
evenindo problemas futuros. A técnica alivia cólica e insônias, equilibrando o bebê físico, emocional e energeticamente.
Cristine Kliemann, terapeuta especializada, traça aqui um retrato panorâmico do tema, falando do histórico, dos resultados efetivos e sugere alguns exercícios. Cristine fez sua formação com Dra. Daniele Zill Heuert, fisioterapeuta, especialista em acupuntura, rpg e shantala e com Rivy Plapler Tarandach, terapeuta ocupacional.


"É necessário conversar com a pele do bebê... falar com as suas costas que têm sede e fome, com sua barriga... Nos países que preservam o profundo sentido das coisas, as mulheres ainda se recordam disso tudo. Aprenderam com suas mães e ensinarão suas filhas esta arte profunda, simples e muito antiga que ajuda a criança a aceitar o mundo e a sorrir para a vida". Frédérick Leboyer

Há milhares de anos, o Oriente descobriu que o uso do toque é essencial para o desenvolvimento integral do ser humano. Ainda no útero, nas primeiras semanas de vida, o embrião já tem contato sensorial com a parede uterina e com os estímulos externos refletidos através do líquido amniótico, que o envolvia e o massageava com pequenas contrações. O tato, portanto, é o primeiro dos sistemas sensoriais desenvolvidos pelo bebê e a primeira forma de comunicação dele com o mundo exterior.
A Shantala tem, então, o princípio cultural de reestabelecer o contato entre a mãe e o bebê, rompido no momento do nascimento. Esta massagem dá a criança o calor corporal que ela tinha dentro do útero junto à placenta, fazendo com que se sinta segura e amada. Não é apenas um toque terapêutico mas, sim, uma integração natural e fisiológica entre mãe e filho, auxiliando na passagem de um ambiente seguro e tranqüilo para outro, desconhecido e assustador.
Originária da Índia e baseada na medicina Ayurvédica e na Yoga, a Shantala foi trazida ao Ocidente pelo obstetra Frédéric Leboyer, que se tornou famoso por ser ardoroso defensor do parto humanizado. Leboyer, em sua viagem à Índia, observou uma moça paraplégica de nome Shantala, sentada no chão numa favela em Calcutá, massageando seu bebê, e ficou impressionado com os toques que esta prática envolvia. Quando ela terminou a aplicação da massagem, o médico pediu permissão para fotografá-la. Apesar de surpresa, por aquilo tratar-se de uma rotina diária, Shantala permitiu as fotos. Nos dias que se seguiram, o médico voltou a observar a moça para aprender o segredo contido naquele momento - feito, segundo ele, "de amor e luz, de silêncio e gravidade".
Em homenagem, Leboyer batizou a técnica com o nome desta mulher, e em 1976 publicou os ensinamentos recebidos no livro “Shantala, Massagem para bebês: uma arte tradicional”.
No Brasil e no Ocidente, de forma geral, a Shantala dá continuidade à proposta do parto humanizado. A técnica é vista por alguns profissionais apenas como uma massagem relaxativa ou estimulativa, outros já consideram uma terapia preventiva e curativa se utilizada junto a outros tratamentos terapêuticos, como, por exemplo, fisioterapia e psicoterapia.
Na Índia, essa prática não tem um nome específico, pois trata-se de uma atividade que faz parte dos afazeres diários das mães: é passada de mãe para filha e aplicada no bebê somente pela mãe. No Ocidente, devido ao fato de muitas pesquisas apontarem a importância da relação pai e filho recém-nascido, muitos homens demonstraram interesse em participar deste momento, seja como assistente ou como massoterapeuta. A técnica, então, passou a ser divulgada em cursos para casais.

Harmonização a partir das mãos - A massagem Shantala é uma técnica que atua na superfície subcutânea e que tem, em sua seqüência, a estimulação de diversos pontos do corpo do bebê, de modo a beneficiar e harmonizar todos os órgãos do corpo. Sabemos, hoje, que nosso corpo físico é perpassado por uma rede de canais energéticos e centros de geração de energia que são responsáveis pela nossa saúde física, mental e emocional. Assim sendo, os toques dados pela Shantala colaboram para um sono tranqüilo, alívio de cólicas, segurança, auto-estima e desenvolvimento cognitivo e motor. No aspecto afetivo, trabalha a relação mãe/pai e bebê, a comunicação e a interação entre eles.
A técnica ativa ainda a circulação sangüínea, regula a pressão arterial e aumenta a distribuição do sangue nos músculos, tecidos e diversos órgãos internos. Ajuda a fortalecer o sistema imunológico, trazendo também benefícios para os sistemas respiratório e digestivo.
Conforme a pressão utilizada no toque, a massagem produz efeito estimulante (com toques de maior pressão) ou relaxante (com toques de menor pressão), sobre o sistema nervoso do bebê.
Para sua aplicação, é importante que o ambiente seja tranqüilo e silencioso, e que a temperatura local esteja adequada para que o bebê não sinta frio, uma vez que ele estará sem roupas e em contato direto com a pele da mãe. A concentração, tranqüilidade e disposição de se doar integralmente neste momento são fundamentais para a mãe (ou pai) e o bebê. É importante também que se tenha consciência da própria respiração e da respiração da criança, pois através dela que se pode perceber as diversas reações causadas pelo toque. Também é fundamental a comunicação visual durante a massagem. É desta forma que os pais transferem à criança a energia positiva, segurança e carinho.
A Shantala não é, portanto, uma massagem unilateral, mas uma relação afetuosa de troca de energia, atenção e amor. Pode-se aplicar a massagem desde o nascimento, com toques bem suaves, até no mínimo os quatro meses de idade, mas se a criança se permitir pode-se seguir enquanto for possível. Hoje em dia, também há adaptação da técnica para crianças, adolescentes e mesmo adultos.
Nos bebês, o ideal é que seja aplicada sobre as pernas da mãe, sentada ao chão e com a coluna reta, já em adultos pode-se aplicar sobre uma maca ou colchonete confortável e firme.

A técnica, passo a passo - Para começar a aplicação da Shantala, recomenda-se esfregar as mãos para aquecê-las e deixá-las em temperatura agradável para tocar o bebê e mentalizar energias positivas.
Podem ser utilizados alguns óleos para facilitar os movimentos, evitando assim atrito ou desconforto a quem está recebendo o toque. Os óleos devem ser específicos para utilização em bebês. Normalmente, recomenda-se o óleo de semente de uva ou de gergelim. O tempo de aplicação varia de 5 a 10 minutos nos primeiros dias, e até em torno de meia hora a quarenta minutos depois que o bebê está maior e familiarizado com a Shantala.
Os movimentos são em sua maioria circulares, indo do centro para as extremidades do corpo com pressão e ritmo constantes. Começa-se a aplicação pelo peito, seguindo para os membros superiores e depois chegando ao abdômen. Deste, segue-se para os membros inferiores chegando até os pés.
Após concluir estes movimentos, deve-se virar o bebê de bruços perpendicularmente ao corpo da mãe para iniciar a massagem nas costas. Terminada esta parte, vira-se o bebê novamente de frente para massagear o rosto. Finalmente, são feitos ainda três exercícios da hatha-yoga com objetivo de trabalhar torção e extensão da coluna, liberando tensões, relaxando e facilitando a respiração.
Após a aplicação, deve-se dar o banho relaxante, sem ser necessária uma higiene completa. Neste momento, o objetivo é proporcionar bem-estar. Coloca-se o bebê imerso numa banheira com água na temperatura do corpo ou um pouco mais quente.
A mãe vai sustentar o bebê apoiando a nuca dele no pulso dela. É essencial que as mãos, braços e ombros da mãe não estejam tensos. Deixar que o corpo do bebê flutue livremente na água por 5 a 10 minutos (conforme a tolerância). Aqui, quem trabalha o relaxamento no bebê é a água, e não a mãe. Para finalizar, molhar a mão em água fria, passando-a no alto da cabeça, rosto e nádegas do bebê.
Esta técnica deve seguir uma rotina diária ou, no mínimo, semanal, para que seus benefícios possam ser observados.

BIBLIOGRAFIAS RECOMENDADAS:

LEBOYER, F. Shantala, Massagem para bebês: uma arte tradicional. São Paulo: Ground, 1995.
CASSAR, M. P. Manual de Massagem terapêutica. São Paulo: Manole, 2001.
REICH, E., ZORNÀNSZKY, E. Energia Vital pela Bioenergética Suave. São Paulo: Sumus, 1998.
CAMPADELLO, PIER Shantala, Massagem, Saúde e Carinho para o seu Bebê, São Paulo Ed. Madras, 2006

Cristine Kliemann
Terapeuta, instrutora, gerente administrativa do Espaço Merkabah
http://www.espacomerkabah.com.br/
crys_1671@yahoo.com.br
PORTO ALEGRE/RS

Seu filho tem dificuldade de fala e aprendizagem?

É pela fala que as pessoas se expressam para o mundo. A comunicação, portanto, é fundamental para o desenvolvimento do Ser humano e tem papel de extrema importância no processo de socialização e da aprendizagem escolar já que é no começo de nossa jornada que se definem nossas facilidades e dificuldades para a vida adulta. São nos primeiros anos de vida que a criança deve ser observada com atenção quanto ao seu desenvolvimento de linguagem.
Por conta disso, a fonoaudióloga Carla Machado de Figueredo nos dá algumas dicas para identifica
rmos o que é normal no desenvolvimento infantil e o que pode indicar que a criança precise de um acompanhamento de um profissional para desenvolver-se de forma sadia e plena.

É muito comum a preocupação dos pais com o desenvolvimento de seus filhos e inevitável comparação deles com seus amigos e colegas, atitude que pode gerar angústia para a criança. Hoje em dia, todo pai sabe que, se o filho apresenta alguma alteração na dentição, deve procurar um odontólogo mas, como a fonoaudiologia é um ramo recente e ainda pouco difundido, não há o mesmo cuidado quanto aos problemas de desenvolvimento da linguagem que, por sinal, têm alta incidência nos primeiros anos de vida.
O desenvolvimento da linguagem depende de uma série de fatores biológicos e psíquicos. Embora haja variações de criança para criança, os pais devem estar bem atentos quanto a alguns fatores para poderem prestar devida ajuda, evitando futuros transtornos.

ATRASO DE LINGUAGEM - Caracteriza-se quando a criança não segue a cronologia esperada para o desenvolvimento da linguagem.
2 meses - ela começa a produzir alguns sons, são vocalizações (emissão prolongada de vogais).
6 meses - iniciam os balbucios, são repetições de sílabas. Ex: mamã.
A partir do oitavo mês - a criança começa a se comunicar por meio de gestos.
A partir de 1 ano - irá falar suas primeiras palavras e formar frases. Usa gestos aprendidos no círculo familiar como dar tchau, mandar beijo, afirmar/negar com a cabeça.
2 anos - fala frases simples e imita palavras ouvidas no seu meio.
3 anos - boa comunicação verbal, expressa idéias simples e faz questionamentos.

DESVIO FONOLÓGICO (TROCAS NA FALA) - É a omissão de letras mais difíceis ou a troca por letras mais simples. Ficar atento se este processo permanecer após 3/4 anos de idade.
4 anos - deve ser capaz de pronunciar as letras p - t - k - b - d - g - m - n - nh - v - f - z - s- j/g - ch/x - L - lh
4/5 anos - domínio da pronuncia das letras R (rio), r (barata);
5/6 anos - domínio da pronuncia das letras r e L no grupo consonantal (preto, flauta), s,l, r, n final (pasta, papel, porta, canto).

DISFLUÊNCIAS (GAGUEIRA) - São repetições, prolongamentos e bloqueios na fala. Podem ser classificadas em:
Disfluências comuns: presentes na fala de qualquer pessoa;
Disfluência fisiológica: quando as disfluências apresentam-se com uma maior freqüência na fala de algumas crianças que se encontram na fase de aquisição de linguagem;
Disfluência patológica (gagueira): apresenta também tensão, uso de tiques, frustração e medo.

DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA - Uma criança que apresenta dificuldade na leitura e escrita, mesmo tendo todos os meios para um bom aprendizado, pode se enquadrar nos casos de distúrbio de leitura e escrita, dislexia e disortografia, precisando, nestas situações, de acompanhamento fonoaudiológico.

Nas alterações de leitura e escrita: dificuldades na leitura (decodificação, compreensão), dificuldades na estruturação do texto, dificuldades ortográficas, etc.
O encaminhamento precoce é fundamental, já que toda a aprendizagem do conteúdo escolar depende do sucesso da criança no ato de ler e escrever.

Dicas para estimular a fala da criança:
Reaja sempre a qualquer som que a criança falar
Indicar e ensinar sempre o nome dos objetos e das pessoas
Usar sempre frases objetivas e claras, sem vocabulários difíceis
Deixar a criança sempre brincar com outros da sua idade
Converse com a criança sempre que possível
Respeite o tempo da criança
Ajude-a formar frases
Contar histórias antes de dormir
Fale sempre de maneira correta e clara com a criança

Lembre-se: É pela fala que as pessoas se expressam para o mundo. É no começo de nossa jornada que se define nossas facilidades e dificuldades para a vida adulta.

Carla Machado de Figueredo
Fonoaudióloga
carla.mfigueredo@yahoo.com.br
Porto Alegre/RS

Adoção: a construção da família afetiva

Amor de vínculo é o que se estabelece no compromisso, no dia a dia, no tecer a vida. Pois o privilégio das pessoas que adotam uma criança é a gravidez psicológica e voluntária pois a decisão de adotar é algo consciente e gestado no coração e na mente. Rute Rodrigues, psicóloga especialista em terapia de famílias e casais, aborda aqui várias facetas sutis do processo de adotar alguém e da construção da família afetiva.

Como nasce uma família? Como surge uma mãe ou um pai? Estas são perguntas que não nos fazemos normalmente. Seguimos com nossos modelos internos, advindos da vivência de crescer ou não em família e raramente vamos além disto até que nos deparemos com questões da concepção. E, então, na atualidade podemos planejar a chegada dos filhos, sabendo que os mesmos nos farão mudar de vida, de papel e de status social.
A vida se faz num instante único da concepção. Um instante que marcará a vida de todos os envolvidos e que acontece no silêncio escuro do ventre de uma mulher. Mas será esta condição que a torna mãe? Penso que isto nos faz procriadoras ou genitoras, mas tornar-se mãe ainda exigirá mais das mulheres. Nada tão custoso assim, mas que, se não existir, pode impedir que a maternidade se consolide, ou que a criança se desenvolva com integridade emocional. A disponibilidade emocional e psicológica permitirá abrir espaço para acolher um novo ser. E isto não está associado ao fato da gravidez, nem para as mulheres, muito menos para os homens.
É necessário algo mais profundo, algo ligado à natureza do cuidado da espécie, ao desejo de continuidade que vem instaurar o desejo de cuidar de um ser vivo, totalmente dependente nos seus primeiros anos de vida e que, a partir deste cuidado, se vincula eternamente à nossa alma pela história em comum que traçamos dia a dia. Geralmente acaba gerando amor. Amor de cuidado, este que damos por considerar que qualquer ser vivo merece nossa atenção e que garante atender necessidades para a manutenção da vida. E amor de vínculo, este que sentimos vibrar com a importância que o ser único ganha em nossas vidas, pela reciprocidade do afeto, pelo reconhecimento e confiança que vamos criando nas nossas interações. Este sentimento não requer vínculo de sangue, requer sensibilidade e abertura, apenas isto, a reciprocidade positiva. É neste arcabouço afetivo que nasce uma família, na presença de alguém que os adultos podem chamar de filho.

A alma fica marcada por criaturas que zelamos - O privilégio das pessoas que adotam uma criança é a gravidez psicológica e voluntária. Sim, porque a decisão de adotar é algo consciente e gestado no coração e na mente. Se fruto apenas de um impulso momentâneo, ou da necessidade de preencher vazios, superior ao desejo de interagir de fato com uma criança real, com suas vivicissitudes e história anterior, tal situação pode ser desastrosa. A partir da hipótese de adotar, os riscos, as dificuldades, o desejo se forma num ambiente interno reflexivo que se não acalentado pela abertura ao genuíno, pode gerar o mito da eterna dúvida sobre a escolha, pois estamos ainda mergulhados em preconceitos que impedem de conceber que tudo que pode acontecer com um filho adotivo, pode também ao filho biológico, pois ambos têm algo em comum: seres humanos em desenvolvimento.
Cuidar de um filho requer muito e não é uma tarefa de alguns dias ou meses. Não existe devolução, não é uma mercadoria ao nosso bel prazer ou realização do ego – o que não invalida o orgulho diante das conquistas dos filhos. Um filho permanece em nós para o resto de nossas vidas, a alma fica marcada por estas criaturas que zelamos. São tantas as demandas de crescimento pessoal que esta empreitada nos demanda, como as funções e papéis que exercemos que urgem se modificar ao longo do crescimento dos pequenos para assim concretizar o desenvolvimento sadio da família.
Um filho nos chega com uma missão mínima em nosso próprio desenvolvimento: sairmos do nosso “ensimesmamento”, nos desprender das nossas necessidades individuais e exercer a capacidade de adiamento em nome de alguém que necessitará de nós, por algum tempo, para sobreviver. Um filho nos traz a chance da transcendência. Tornar-se pai ou mãe é um trajeto de desprendimento, de ir além de si mesmo. É um desafio de evolução, um chamado de coerência. É o amor e o prazer em ver criaturinhas percorrerem a vida em busca de mais vida e poderem olhar para trás nos acenando como porto seguro. É neste lugar de cuidado e afeto que a família se funda.

Rute Rodrigues
Psicóloga (CRP 07/ 8374) Esp. Arteterapia (CENTRARTE), Formação Biodanza, Terapia de Famílias e Casais (NURF), Dinâmica dos Grupos (SBDG), Ludoterapia. Psicoterapeuta. Desenvolve trabalhos com grupo em ação social. Coordenadora do Núcleo de Adoção do Projeto Ninho—Educação Afetiva. Sua experiência com questões da adoção vem da participação em pesquisa no Hospital Presidente Vargas e no Grupo Ter-na Adoção como facilitadora do grupo de crianças, atendimento a grupos multifamiliares, atendimento psicoterápico, aconselhamento, palestras e grupos de preparação à adoção.
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PORTO ALEGRE/RS

 
Série Temática Edição Absoluta/Filhos. Coordenação e Design: RICARDO MARTINS.